Tratamento da demência

por Gabriel Behr

O tratamento é realizado com a participação de uma equipe multidisciplinar e em diversos níveis, como a avaliação da dificuldade para realizar as atividades de vida quotidiana, o controle dos sintomas neuropsiquiátricos, o uso de medicamentos, cuidando do cuidador e controlando os problemas clínicos.

O Alzheimer e as demências não tem cura, mas diversos tipos de tratamentos podem ajudar o paciente e sua família a minimizarem as consequências da doença.

Inicialmente, no tratamento da demência, é importante o controle dos fatores de risco cardiovasculares e o tratamento das causas reversíveis. Por exemplo, pacientes que apresentam dificuldades auditivas devem poder portar aparelhos auditivos para melhorar a sua compreensão do ambiente e das pessoas.

Medicamentos

Algumas causas de demências, como o Alzheimer, podem se beneficiar do uso dos remédios da classe dos inibidores da acetilcolinesterase. Elas tendem a ajudar na melhora dos sintomas cognitivos em uma porcentagem dos pacientes. O benefício do seu uso deve sempre ser reavaliado no curso do tratamento.

A escolha entre os diferentes tipos de medicação baseia-se nas comorbidades do pacientes, nos possíveis efeitos colaterais, na fase de evolução da doença e nas interações medicamentosas.

Tratamento dos sintomas comportamentais e do humor

No decorrer da demência, diversos sintomas do comportamento e alterações do humor podem surgir. Dessa forma, a avaliação constante dos sintomas e o seu tratamento adequado, melhora a qualidade de vida dos pacientes, protegendo-os de acidentes ou fugas e diminuindo o estresse do cuidador. Para mais informações, consulte a página sobre problemas do comportamento na demência.

Tratamento dos problemas clínicos

No curso da demência, é comum surgirem diversas doenças clínicas que podem fazer com que o paciente perca a sua autonomia.

Cito alguns exemplos: as dificuldades de deglutição, problemas de marcha e quedas, incontinência fecal e urinaria, desnutrição. A avaliação global desses problemas e o acompanhamento com um geriatra são indicados.

Tratamento das dificuldades no quotidiano

Com a evolução da demência, muitos pacientes necessitam de cuidadores, que podem ser profissionais ou familiares e que os ajudem a realizar as atividades quotidianas.

Indica-se a avaliação constante dessas dificuldades do quotidiano ao longo da doença por uma equipe multiprofissional, que pode contar com psiquiatra, neurologista, geriatra, médico generalista, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e cuidadores.

Nas atividades que o paciente tem mais dificuldade de realizar, podemos indicar ajuda. Por exemplo, no início da doença, o paciente pode precisar de ajuda nas atividades mais complexas como administrar seu dinheiro. Com a evolução da doença, as dificuldades para realizar as atividades domésticas ficam mais aparentes, e possivelmente na fase final os pacientes vão apresentar dificuldades com a higiene básica ou alimentação.

O foco do tratamento das dificuldades quotidianas será sempre em manter a autonomia do paciente, assegurar a sua segurança no domicílio e promover a sua qualidade de vida.

Algumas vezes, os pacientes necessitam residir em instituições de longa permanência devido a grande complexidade dos cuidados que a doença demanda. A avaliação da necessidade de ser transferido para uma instituição é feita pela equipe multiprofissional e pela sua família.

Cuidados com o cuidador

Deve-se ter em foco também o cuidado com o cuidador. Devemos cuidar da sua saúde mental e física. Algumas vezes, os desafios de lidar com uma doença potencialmente progressiva podem gerar problemas físicos, decorrentes do manejo quotidiano e também psíquicos, como depressão e ansiedade, principalmente se o cuidador é um familiar.

Os profissionais de saúde responsáveis pelo paciente devem estar atentos também aos cuidadores e devem também poder oferecer a eles um espaço de escuta e de auto-cuidado. Um tratamento de psicoterapia pode ser bem indicado neste contexto.

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